4.7.10

Crucificação - Imagens inéditas em museu judaico

(Chagall - Apocalipse em Lilás)


Cross Purposes - Shock and Contemplation in Images of the Crucifixion. Com esse título, a galeria Ben Uri, do Museu de Arte Judaica de Londres, produziu uma pioneira exposição (em cartaz até 19 de setembro). É a primeira vez que um museu judaico no mundo mostra a representação da crucificação, tema evitado até o fim do século XIX pelos artistas judeus (e pelos islâmicos).

Na mostra estão representados 21 artistas do século XX, entre eles os judeus Samuel Bak (sobrevivente do Holocausto, lituano, vive hoje em Israel), Emmanuel Levy (inglês) e Marc Chagall (com o quadro recentemente descoberto 'Apocalypse en Lilas'). As obras expostas fogem da iconografia estritamente religiosa, em geral edificante, para dar lugar a expressões de angústia e a comparações que envolvem questões políticas. O público se inquieta e se espanta.

O quadro de Emmanuel Levy, de 1942, foi um  protesto em sua época, auge da Segunda Guerra, quando muitos artistas judeus ingleses se exasperavam diante da demora do seu governo em admitir publicamente o extermínio dos judeus na Europa.

Cristo com o xale ritual e os filactérios na cruz, a palavra ‘Jude’ (‘Judeu’) escrita em sangue acima de sua cabeça, e as fileiras de cruzes brancas compondo a paisagem, ecoam o martírio de cristãos, mas também o martírio judaico, já que no momento da pintura milhões estavam sendo enviados à morte nos campos de extermínio.

A galeria possui outros importantes artistas judeus ingleses, como Solomon J. Solomon, Mark Gertler e Jacob Epstein. O quadro mais popular de Emmanuel Levy ali é (ao lado) Dois Rabinos com as Tábuas da Lei.