12.10.10

Israel deve tocar Wagner?

Por causa das notícias de que os isralenses participariam do próximo Festival de Bayreuth (veja post seguinte), perguntei a Marcel Gottlieb como ele se sente em relação a Wagner.

" Já passei por diversas fases. Fui criado pela minha avó, italiana, que detestava Wagner. Ela simplesmente não me mostrou que a musica de Wagner existia. Ao longo do tempo pesquisei e conheci mais a música dele, sempre com "os pés atrás", mas conseguindo saborear a sua grandeza.

 

Hoje consigo dividir, mantendo vivo o desprezo ao que Wagner fez em vida, pois ele não era apenas um antissemita praticante, era um péssimo caráter em várias de suas opções. Sempre levando em consideração as besteiras que ele falou e escreveu, consigo ouvir a sua música, me encantar pelo valor que ela tem e valorizar sua influência.

 

A cada dia, temos que rever conceitos: se existe alguém que apoia o estado de Israel filosoficamente, contra a cegueira de parte da mídia, é atualmente a Alemanha da Angela Merkel, a melhor parceira de Israel. Quem poderia imaginar isso há alguns anos? Quem não souber rever seus conceitos será tão cego como o radicalismo religioso.

 

Resumindo: gosto muito da música de Wagner, e não penso na pessoa dele quando a escuto. Mas para mim é fácil, eu não vivi a Alemanha Nazista.  Respeito quem tem suas cicatrizes, e acho que a música de Wagner, em Israel, deva ser ouvida somente dentro de casa. Isto é, se corremos o risco de que um sobrevivente do Holocausto esteja ouvindo também, devemos desligar e não deixa-lo ouvir novamente. Questão de respeito ao seu passado".